Ervas aromáticas, ingredientes provenientes da mandioca e peixes de rio são a base da culinária do Norte do Brasil, cheia de nomes que praticamente não se escutam em nenhuma outra região, como tucupi, tacacá e maniçoba. A influência indígena também é muito presente na escolha dos insumos e nas tradições do preparo.
 
Conheça os pratos típicos da gastronomia do Norte do Brasil e saiba em qual estado econtrar cada um deles:

Pato no Tucupi


(Foto: Paulo Vilela/Shutterstock)

Esse prato é um dos carros-chefe da culinária paraense e consumido na festa religiosa mais importante da Amazônia, o Círio de Nazaré. O Tucupi é um líquido extraído da raiz da mandioca, separado da goma, cozido e fermentado de 3 a 5 dias até virar o molho mais popular da região. O sabor é intenso e bem peculiar. Nesse prato típico, o pato é assado, destrinchado e colocado para ferver no tucupi com vários temperos. O melhor lugar para conhecer as receitas clássicas da culinária paraense em Belém é o Ver-o-Peso, mercado de quase 400 anos que é um patrimônio da história, da cultura e da gastronomia paraense, às margens da baía do Guajará.

Tacacá

Essa espécie de sopa, servida numa cuia natural, é típica do Pará (em qualquer esquina tem uma “Tacacazeira”, as cozinheiras do Tacacá), mas também é facilmente encontrada no Acre, no Amapá, em Roraima, no Amazonas… O caldo leva tapioca, camarão, pimenta, jambu (uma erva amazônica que deixa a boca um pouco dormente) e, claro, sempre ele, o tucupi.

Caldeirada de Tambaqui


(Foto: Paulo Vilela/Shutterstock)

O Tambaqui é um dos principais peixes amazônicos e é tão carnudo que suas costelas são a parte mais aproveitada, tanto assadas quanto fritas. O seu sabor é bem marcante, o que faz com que esse prato faça parte da identidade culinária do Norte. Na caldeirada, podem ir várias partes do peixe, para extrair ainda mais o seu sabor, e são adicionados vegetais, temperos como pimenta de cheiro e coentro, e limão. 

Maniçoba

De origem indígena, esse prato é conhecido como “feijoada paraense” - com uma diferença, digamos, importante: não leva feijão. Ele é feito com as folhas da mandioca brava, que passam por um processo de produção similar ao do tucupi, com vários dias de cozimento. 
 
A mandioca brava não é a mesma mandioca "de mesa", que consumimos em casa cozida, frita ou em bolos e outras receitas. Elas são idênticas na aparência, mas a brava é altamente tóxica, já que possui ácido cianídrico. Por isso, é necessário respeitar o longo período de cozimento das folhas, que retira delas todos os resíduos de ácido, tornando-as próprias para o consumo.
 
Depois disso, são adicionadas carne de porco e de boi e outros ingredientes de sabor defumado. Ela é servida com arroz branco, farinha de mandioca e pimenta.
 

Açaí

(Foto: Ella Olsson)

Tudo bem que o Brasil inteiro está acostumado a saboreá-lo, mas no Norte, especialmente no Pará, essa fruta tem outro gosto e uma presença completamente diferente na cozinha. Em vez de congelado, como é conhecido no resto do país, ele vem fresco, servido tanto de manhã, no café, quanto nas outras refeições do dia com peixe frito, por exemplo, praticamente substituindo o feijão(!). 

Mujica de peixe

Esse prato amazônico, também de origem indígena, é popular até no Centro-Oeste, no Mato Grosso. Consumido principalmente como entradinha no Amazonas, a receita visa aproveitar “as sobras” do peixe assado do dia anterior, normalmente o Tambaqui. No caldo, vai azeite, vegetais, temperos, diferentes pimentas, o peixe desfiado e farinha branca para engrossar.

Pirarucu de casaca

(Foto: Paulo Vilela/Shutterstock)

Apelidado de “gigante amazônico”, o Pirarucu é um dos maiores peixes de água doce do planeta e um dos símbolos da culinária do Norte. Sua carne é limpa, sem espinhas, suave, tenra e muito palatável até para quem não está muito habituado a comer frutos do mar. A receita de Pirarucu de Casaca é muito consumida no Amazonas e é servida em camadas: o peixe desfiado, a farofa de mandioca, a banana-da-terra frita, o refogado de vegetais…